abril 04, 2005

Da morte do papa

Alguem um dia me falou que adorava o papa porque ele tinha cara de vó, daquelas bem bondosas e carolas. Eu só pude concordar porque sempre liguei a figura do papa com a mãe do meu pai. Primeiro porque ela era uma católica fervorosa e sempre foi muito fiel à igreja e aos papas (e olha que ela passou por vários), mas tinha um carinho muito especial por esse último. Uma das minhas remotas lembranças de infência é do meu irmão recortando uma foto do papa de página inteira de uma revista para fazer um quadro para presentear a Vó Eliza. Esse quadro decorou a parede do quarto dela mesmo depois de ela morrer, em 91. Acho que por essa ligação que eu fiz desde muito criança, eu achava semelhanças físicas entre os dois: talvez pelo formato do rosto redondo e uma certa ternura no olhar.

Para mim, a sua postura pacifista é maior que sua postura conservadora e reacionária diante dos dogmas religiosos. A admiração que nutri pelo papa é a mesmo que se nutre por Gandhi, Martin Luther King, Dalai Lama, minha vó, etc.

Mesmo não sendo católico, muito menos religioso, mesmo sem reconhecê-lo como santo, enviado de Deus, mesmo sem achar que devia alguma obediência a ele ou a qualquer outro sacerdote, penso que morreu um grande ícone. E fico feliz por ter sido testemunha dessa parte da história.

E já tenho o nome ideal para seu sucessor: Papa Bono Vox I.

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Para que vocês não fiquem muito curiosos, esta era a minha vó Eliza, poucos meses antes de voltar para a casa do Pai.