setembro 09, 2004

Ah, essas crianças de hoje...

Uma das coisas que mais me fascina na Internet é seu caráter anárquico. O problema é que essa anarquia rompe com um limite essencial pra vida em sociedade: a fronteira entre o público e o privado.

Infelizmente, fomos pegos de surpresa. Ninguém, ou muito poucos, estava preparado para assumir um papel numa sociedade tão democrática. (Alguns podem argumentar que a internet, por ser restrita a uma pequena parcela da população, não é nada democrática, mas quando a caracterizo dessa maneira, eu me refiro à sua estrutura interna.)

Me lembro de quando comecei a acessar, havia umas regrinhas que circulavam pelos sites dos provedores, até mesmo como links nas páginas principais: a netiqueta. (Pode parecer paradoxal, mas mesmo em um espaço anárquico as regras são necessárias.) Já se passaram oito ano desde que conheci a netiqueta (o que não significa que a respeito) , e na internet, em que as coisas mudam a todo momento, oito anos podem representar uma eternidade. Isso significa que aquelas pequenas recomendações precisam urgentemente serem revistas.

Por exemplo, devia constar nas NETiquetas o seguinte item: Na Internet, não existe espaço privado. Se você publica algo na rede, ainda que inconscientemente, seu desejo é de que isso se torne público e, de preferência, o mais rápido possível. Ou seja, ajoelhou tem que rezar. Ou ainda, quem fala o que quer, ouve o que não quer.

Foi o que aconteceu hoje na escola em que trabalho. Alguem abriu uma comunidade do colégio no Orkut e alguns frequentadores não respeitaram esse item. Adolescentes, eternos rebeldes sem causa, se fartam na internet justamente por que acreditam estar livres e inatingíveis. Livres, de certa maneira, estão, mas imunes, nunca. Algumas pessoas parecem ignorar que o virtual só existe em função da realidade e que não abandona o outro. Dispararam uma salva de tiros desgorvernados que, obviamente, acertou onde não devia.

Resultado: ouviram um sermão bem dado. E justo.

Que sirva de lição.

Pra todos nós!